ENTREGA DOS CERTIFICADOS DE CONCLUSÃO DO CURSO DE LIBRAS
O Censo do IBGE, realizado em 2010, apontou que cerca de 5% da população brasileira, ou aproximadamente 10 milhões de pessoas, apresentam algum nível de deficiência auditiva, sendo que uma parcela dessa população usa a LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, como auxílio para comunicação.
Com o propósito de atender a essa demanda, a Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Praia Grande proporcionou aos seus servidores um curso de treinamento e capacitação em LIBRAS.
A Língua Brasileira de Sinais é uma modalidade gestual-visual, reproduzida por movimentos manuais, expressões faciais e corporais, possuindo um alfabeto e estrutura linguística e gramatical própria. Como em qualquer língua, também na LIBRAS existem diferenças regionais.
Após ser oficialmente reconhecida na legislação brasileira como uma das línguas oficiais do país, a LIBRAS se tornou componente curricular obrigatório nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia.
Ministrado pelas servidoras da Câmara e intérpretes de LIBRAS, Claudia Pepe e Karina Ribeiro, o objetivo do treinamento é qualificar os funcionários públicos para que estejam aptos a receber, acolher e orientar os cidadãos praia-grandenses com dificuldades auditivas que porventura necessitem dos serviços da Casa de Leis.
No dia 14/12, aconteceu a Sessão Solene para entrega dos certificados de conclusão de curso do primeiro grupo de servidores que tomaram parte dessa atividade. Os vereadores Rodrigo Rosário, presidente da Escola do Legislativo, e Márcio Alemão, da Coordenação de Projetos Especiais, copresidiram o evento. Também fizeram parte da Mesa Diretora, a vereadora Vera Benício, representando os parlamentares da Casa; Naílson Araújo, diretor da Escola do Legislativo; Caroline Binato, coordenadora geral; e as professoras e intérpretes de LIBRAS, Claudia Pepe e Karina Ribeiro.
Divididos em duas turmas, os alunos apresentaram projetos que demonstraram a preocupação com a inclusão e o acolhimento da população surda. A turma comandada por Claudia encenou ao vivo, em LIBRAS, a letra da canção Meu abrigo, do trio Melim; a turma de Karina gravou um vídeo com cada aluno interpretando, em LIBRAS, um trecho de uma mensagem destinada aos surdos.
As docentes. Claudia Pepe e Karina Ribeiro são, desde agosto deste ano, servidoras efetivas da Câmara Municipal de Praia Grande, a única da Baixada Santista a contar com funcionários nesta qualidade.
Karina é pedagoga, pós-graduada em educação especial com ênfase em deficiência auditiva e em tradução e interpretação de LIBRAS/Português. Sua relação com a língua de sinais começou muito cedo, ainda criança, para poder se comunicar com o irmão mais novo, que é surdo.
Karina atua profissionalmente como intérprete desde 2011 e entre os seus trabalhos estão desde projetos culturais (peças teatrais e musicais, Virada Cultural, Ecoviver) a eventos esportivos (Pan-americano de surdos de 2012), passando por atuações em veículos da grande mídia (Jornal A Tribuna e Rede Globo).
Claudia é graduada em Letras, com licenciatura plena em Português e Inglês, e especialização em Docência e Gestão da Educação Superior e LIBRAS. Tem experiência como professora e atuou como intérprete de LIBRAS em congressos, conferências e palestras, como o “Comunicação pelas mãos”, da Prefeitura de Mongaguá, e em fóruns de discussões que abordaram temas como Violência Contra a Mulher, Drogas e Violência na Escola.
Também já recebeu diversas premiações como o “Professor nota 10 Fortec”, “Minuteen” e “Câmera Educação”.
Seu interesse pela LIBRAS começou, igualmente, na infância, ao perceber o isolamento e a dificuldade de convívio por que passavam as crianças surdas na escola.
Karina explica que, ao promover um curso de Libras para os funcionários da Câmara, a instituição está incentivando uma cultura inclusiva. “Essa é uma maneira de mostrar que esse local é para todas as pessoas e que conseguimos receber e tratar todos de uma forma que se sintam bem e acolhidos”, ponderou.
Para Karina, a experiência de ministrar as aulas proporcionou uma troca de conhecimentos com os alunos. “Sorrimos, choramos e refletimos o quanto se faz necessário aprender LIBRAS para que todos consigam ter acesso à informação e exercer seus direitos como cidadãos”.
Na avaliação de Cláudia, os alunos do curso da Câmara não aprenderam somente sinais, mas aprenderam a cultura surda, tiveram contato com surdos, conversaram, ouviram as dificuldades e criaram empatia por eles. “Em todos os em lugares que os funcionários estiverem e encontrarem um surdo, eles farão a diferença”, concluiu.